O perito criminal e ex-atleta da Seleção Brasileira de Luta Olímpica, Antônio Henrique dos Santos, foi condenado a 37 anos e seis meses de prisão em regime inicialmente fechado pela morte da ex-mulher Tatiana Lorenzetti. A sentença foi proferida na madrugada desta quinta-feira (13), pelo juiz Thiago Flôres Carvalho, no Centro Judiciário do Ahú, em Curitiba.
Tatiana era gerente da Caixa Econômica Federal e foi morta em dezembro de 2020, quando saía do trabalho no bairro Capão Raso. O mandante da morte foi o ex-marido Antônio Henrique, que encomendou o crime para parecer um latrocínio (roubo seguido de morte).
Além de Antônio Henrique, foram condenados outros três participantes do assassinato: Moisés Gonçalves, a 25 anos; Talles Arantes da Silveira Serafim, a 28 anos; e André Luiz Correia Barbosa, 30 anos.
O atirador Jonathan Alves da Silva, morreu em confronto com a Polícia Militar no dia do crime.
Antônio Henrique dos Santos é ex-atleta da Seleção Brasileira de Luta Olímpica e chegou a disputar o Mundial do Uzbequistão em 2014. Formado em Educação Física, também atuava como perito da Polícia Científica. Na sentença desta quinta, ele perdeu o cargo público e o direito sobre a filha, de 12 anos, fruto do relacionamento com Tatiana Lorenzetti.
“Faço uma menção aqui importante que, em relação ao acusado Antônio Henrique dos Santos é decretada a perda do cargo público, bem como também como declarada a incapacidade para o exercício do poder familiar em relação à filha, hoje ainda menor, que tinha em comum com a vítima Tatiana Lorenzetti”, disse o juiz na sentença.
Confissão
O interrogatório de Antônio Henrique dos Santos aconteceu na tarde desta quarta-feira (12). Durante a fala, o réu detalhou o plano para matar a ex-mulher, mas disse que desistiu horas antes.
Questionado pelo juiz Thiago Flôres Carvalho, Antônio Henrique disse que os episódios de raiva contra Tatiana começaram em 2017, em razão do descumprimento judicial nas datas em que poderia ficar com a filha. “Sempre que eu não conseguia ficar com nossa filha, tinha a vontade [de cometer o crime], mas não conseguia fazer”, descreveu.
Em 2020, porém, após mais um acesso de raiva, teria abordado “aleatoriamente” Moisés Gonçalves no bairro Parolin e questionado onde poderia encontrar pessoas para a execução.
“Eu não o conhecia, mas perguntei se ele conhecia pessoas que poderiam fazer um serviço para mim. Disse, então, que queria matar uma pessoa e ele disse o que eu queria ouvir no momento de raiva. Voltamos a nos encontrar no mesmo local mais uma vez e, na terceira, ele me apresentou as outras pessoas e a data que poderia acontecer”, explicou.
Segundo o acusado, porém, foi nesse momento que ele teria desistido da execução da gerente.
“Nos encontramos em um mercado do Parolin e saíram três pessoas. Já foram dizendo quem deles teria carro, arma e como daria para fazer. Um deles, comentou que precisava de dinheiro para sair do estado”, continuou.
Sobre os valores apontados, Antônio Henrique afirma que nunca teve o dinheiro para pagar pelo crime, mas assume ter conversado sobre isso e ter informado que Tatiana era gerente bancária e que teria um bom carro. Ele também admite que passou as características da vítima para os executores.
O crime
Tatiana Lorenzetti, de 40 anos, era gerente de uma agência da Caixa Econômica Federal e foi baleada na cabeça momentos depois de deixar o trabalho, no bairro Capão Raso, em Curitiba, no dia 28 de dezembro de 2020.
A vítima, tinha uma medida protetiva contra o ex-marido, Antônio Henrique dos Santos. Ele teria negociado o crime pelo telefone, conforme revelou uma transcrição telefônica obtida pelo Ministério Público do Paraná.
Inicialmente, a polícia suspeitava que o caso se tratava de um latrocínio (roubo seguido de morte), já que a bolsa da vítima foi levada pelo criminoso após o disparo de arma de fogo.
Momentos após fugir com um carro, o atirador foi morto em confronto com a Polícia Militar.
Informações Banda B